Assim como em qualquer ambiente profissional, na escola, os professores devem seguir um protocolo. Por isso, durante as reuniões pedagógicas, eles nem sempre falam o que estão pensando, mesmo sabendo que determinadas impressões poderiam até ser úteis ao desenvolvimento dos alunos. No entanto, para o UOL, eles revelaram alguns desses "segredos" que gostariam de ter num papo sincero com os pais.
“Seu filho não estuda tanto quanto você pensa”
É comum os pais se surpreenderem com as notas baixas dos filhos e argumentarem que costumam vê-los com a cara nos livros. “Nesse momento, eu sempre pergunto sobre as condições de estudo: há barulho, ele mexe no celular o tempo todo, escuta música, utiliza o computador durante o estudo? Geralmente, o pai não percebe que o filho se distrai com toda essa influência externa”, diz Guilherme*, 23 anos, professor de Ensino Fundamental há quatro. “Não é difícil encontrar pais que responsabilizam apenas os professores pelos insucessos de seus filhos, esquecendo-se de que a educação se apoia no tripé família, aluno e escola. Já fui responsabilizada por lições de casa malfeitas ou incompletas, por exemplo”, diz a professora Heloísa*, 38 anos, docente do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio há 18 anos.
“Seu filho tem que brincar também”
Muitas vezes, os pais preenchem o dia inteiro dos filhos com estudo e atividades extracurriculares e não deixam que as crianças tenham tempo para se divertir. Até na escola, é preciso que elas tenham lazer. “Dentro da escola, a vida social é tão importante quanto o conteúdo; o tempo livre para elas interagirem e relaxarem é tão crucial quanto o tempo dedicado às atividades obrigatórias. É importante deixar os filhos viverem e não apenas seguir roteiros”, diz a professora de Ensino Infantil, Pilar*, 44 anos, há quatro anos na área.
“Nós não estamos perseguindo o seu filho”
Longe dos pais, as crianças têm um comportamento completamente diferente, diz a professora Celina*, 23 anos, que trabalha com Educação Infantil há quatro. “Durante a reunião de pais, eu eu gostaria de poder abordar essas questões comportamentais sem pudores ou meias palavras. Apresentar para o pai e a mãe como o filho é em sala e comparar a criança que temos na escola com a criança que eles têm em casa”, afirma a professora. Guilherme concorda. “Já tivemos um caso de aluno suspenso cujo pai posicionou-se contra a decisão. Muitos não percebem que desmoralizam as medidas socioeducativas tomadas pela escola quando dão toda razão ao filho”, diz o professor.
“O ensino de antigamente não era melhor”
De acordo com Raquel, os pais que criticam métodos de ensino geralmente dizem “antigamente, no meu tempo, o ensino era mais forte”. Mas a realidade é outra. “Melhoramos muito nas duas últimas décadas: há mais recursos disponíveis, há mais professores formados e titulados e até um Plano Nacional de Educação – que é resultado de amplas discussões estabelecidas por representantes de vários segmentos das escolas dasociedade como um todo”, diz. “Percebo que os pais esperam filhos ‘profissionais do século XXI’, mas desejam ‘alunos do século XIX’”, afirma a professora.